Pages - Menu

domingo, 22 de março de 2015

SamBRA desfila com perfeição na passarela do samba

Foto: divulgação

Estreou na última quinta-feira, dia 19, no Vivo Rio, o espetáculo "SamBRA". O musical conta a história do samba, que completará 100 anos em 2016, intercalando canções e mostrando artistas que fizeram e fazem este gênero ter vida longa e, ao que parece, infinita. 

Como não há uma data certa de criação do samba, o espetáculo não responde quando o gênero foi criado. Entretanto, a canção "Pelo telefone", que seria o primeiro samba registrado, dá o pontapé na narrativa que conta a história de um ritmo perseguido décadas atrás. Com versos de "Moleque atrevido", o samba, personificado no ator Bruno Quixotte, dá o seu recado: "Respeite quem pode chegar onde a gente chegou". 

O samba-enredo, o teatro de revista, a boemia, a malandragem, os morros cariocas, o samba politizado… Todas as vertentes e os cenários por onde passou são reverenciadas nas duas horas e meia de espetáculo. 

Uma das gratas surpresas da peça é a presença do cantor Diogo Nogueira, convidado especialmente para interpretar grandes canções e realizar seu primeiro trabalho nos palcos como ator. Dentre as interpretações do sambista, "Aquarela do Brasil" teve um grande destaque. Antes do fim do primeiro ato, a emoção toma conta: Diogo saúda a memória do pai, o medalhão João Nogueira, ao interpretar "Súplica" e "Poder da criação".

Todo o elenco desfila muito bem na apoteose do samba. Alguns, porém, merecem destaque. A atriz Lilian Valeska, que encarna a Tia Ciata e também dá voz à personagem Dalva de Oliveira quando o samba chega nas ondas do rádio, é uma grande surpresa. Os tons da artista chegam facilmente ao coração. A voz aveludada de Wladimir Pinheiro, intérprete de Sinhô, Cartola e do locutor de rádio, também encanta nossos ouvidos. Martinho da Vila é reconhecido instantaneamente pelo talento de Alan Rocha, que recria os trejeitos e capricha na interpretação.

Um dos pontos altos do espetáculo é o encontro fictício entre Noel Rosa, interpretado por Cristiano Gualda, e o Martinho da Vila, de Alan. Sentados em um banco numa praça de Vila Isabel, sob a luz da lua cheia, os dois conversam e cantam. Só o teatro, onde tudo é possível, para unir dois sambistas de épocas distintas! Viva a Vila Isabel, casa desses artistas.

O samba contemporâneo entra em cena com a história do bloco Cacique de Ramos, contada pela própria madrinha, Beth Carvalho. Ana Velloso, intérprete da cantora, conduziu uma das cenas mais emocionantes da noite de estreia. Num ensejo de homenagem, a atriz aponta para a verdadeira Beth, que estava presente, e a plateia não se conteve em interromper o espetáculo para aplaudi-la de pé. A atriz, de tão emocionada, quase não conseguiu retomar ao número.

SamBRA, além de emocionante, impressiona. São 70 músicas cantadas e outras 25 faladas. Uma dinâmica que faz a ligação e deixa o espetáculo mais didático sem torná-lo cansativo ou arrastado. Com muita maestria, Gustavo Gaspariani, que assina a direção e o texto, soube costurar com muita beleza os 100 anos do samba. E o elenco - afiadíssimo - deu conta do recado. Assim, a plateia, contagiada, faz coro em praticamente todas as músicas.

Hoje é a última apresentação no Rio. Haverá mais 4 em São Paulo. Pelo primor do espetáculo, ele certamente tem fôlego para ficar por muito mais tempo em cartaz.

Onde? Vivo Rio - Avenida Infante Dom Henrique, 58 - Parque do Flamengo. 
Quando? Até 22/03. De 26 a 29/03 estará em São Paulo.
Quanto? De R$ 50 a R$ 200.

Por Laila.

Nenhum comentário:

Postar um comentário